Longe de acreditar no potencial revolucionário de suas ações, fazem isso por razões pragmáticas. Algumas vezes compram bens ou acessam serviços estatais, mas normalmente preferem circular informação gratuitamente entre si. Na Internet, muitos usuários com tempo e dinheiro suficiente doam o seu trabalho sem motivações financeiras, mas sim para ganhar o respeito dos seus pares pelo seu esforço.

Esta seria a forma mais avançada de trabalho coletivo: o trabalho como dádiva. Sem precisar de liderança de uma elite heróica, pessoas comuns podem construir seu próprio futuro digital. Mesmo com seu poder e riqueza, as multinacionais multimídia não são capazes de impor a mercantilização do trabalho intelectual no ciberespaço. A classe do novo sempre existiu como um nível intermediário de assalariados, aqueles sem capital, mas que possuem outras potentes fontes de poder econômico, como educação, qualificação e conhecimento cultural. Ao invés de liderar o caminho para o futuro, disfarçados de “trabalhadores criativos”, “analistas simbólicos”, “industriais” e, até mesmo na definição de Décio Pignatari, “prodossumos”, esses trabalhadores continuam a realizar os desejos daqueles que dominam o mundo.

O trabalho do autor converge na extensa pesquisa efetuada em Futuros imaginários. Neste livro, Richard parte do questionamento de que o futuro oferecido a ele, como um adulto nos anos 2000, é o mesmo que o fascinou quando criança, enquanto visitava a Feira Mundial de Nova Iorque em 1964. No entanto, as promessas dos benefícios futuros à sociedade que justificaram patrocínio governamental, protecionismo e investimentos – além da morte de milhares de pessoas – não se realizaram: “A revolução tecnológica não causou a revolução social; por alguma razão, a utopia foi adiada.”

O autor investiga o histórico das feiras tecnológicas, oferecendo-nos a perspectiva do futuro como um evento na História. Demonstra,