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gal he longa : î he preferivel, por melhor se reconhecer na escripta e nos caracteres typographicos, e tambem porque muitas vezes serve de indicar suppressão de letra que torna longa a vogal ; por exemplo : ouvî-la por ouvir a ella. Os antigos escrevião ĩ para figurar o som palatal desta vogal ; hoje escrevemos sempre im. Ex. fim, impaciente, vim, etc.

O, com o accento agudo ó, representa o som forte e breve ; com o circumflexo ô som d’esta vogal brando e longo. Exemplos : , , avó ; avô. O o sem accento corresponde ora a ó, como em mola, bola, e na primeira syllaba de voto, chove, etc. ; ora a ô, como na primeira syllaba de movo, rojo, molho s., etc.; ora a o surdo e quasi soando u, como nas finaes de do, modo, cobrio, desceo, etc.

Õ representa o som palatal d’esta vogal, e equivale a om, on, como em leões, occasiões, trovões. Nos primeiros seculos da monarchia portugueza prevalecia este som de om, on, e assim se escrevia, por ser derivado dos dialectos vulgares do latim nas provincias hispanicas do norte. Pouco depois, adoçando-se a pronuncia, converteo-se o om de coraçom, razom, nom, no diphthongo ão de que logo fallarei, e começou-se a pronunciar e a escrever coração, razão, não, e neste diphthongo se mudárão igualmente as terminações longas e breves em am ou an dos verbos ou dos nomes masculinos : por ex. mão em vez de mam ; andarão, por andaram preterito, e andaram futuro ; razão, em vez de razam ; traição em vez de