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rectamente ou por meio do latim, e em que os Romanos empregavão ph para representar o phi grego (que era não f, mas hum p seguido de h aspirado), devemos conservar o ph, e nunca mudá-lo em f, sem o que, perderemos inteiramente o conhecimento do sentido do radical, confundindo-o com outros radicaes que os Romanos, á imitação dos Eolios, escrevião por f ou por v ; v. g. ver, primavera. Da substituição de f por ph em portuguez, resulta confusão dos radicaes gregos com os latinos puros, com os arabicos, etc. ; e visto que os Romanos, que tambem possuião o f, admittirão o ph como unico modo de figurar a origem grega nas palavras em que entra o φ, que razão ha para nos desviarmos da lingua de que procede a nossa ? Escrevendo, como fazem hoje os Hespanhoes com a sua Academia, Faze ou Fase, por Phase, Frigia, por Phrygia, Safo, por Sapho, fosforo, por phosphoro, foca, por phoca, etc, torna-se impossivel descobrir de que lingua e de que radical procedem estas vozes, e por conseguinte, não tem a memoria adjutorio para recorrer á fonte donde emanão, e attingir a significação primitiva. Este auxilio orthographico he particularmente util na multiplicidade de nomes scientificos que hoje formão diccionarios inteiros e especiaes ; em historia natural, chimica, botanica, medecina, etc. Como he possivel penetrar o sentido das palavras zoophyto, photometro, phrenites, epiphora, escrevendo zoofito, fotometro, frenites, epifora ? E, se me responderem que embora se siga a orthographia correcta e conforme á derivação na linguagem scientifica, mas não na vul-