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aqueo, terraqueo, equestre, etc, e não soa em querer, requerer, aquelle, aquillo, quilate, etc. E se para o indicar usarmos do trema, será complicação da orthographia, e introducção de signaes que facilmente se omittem por descuido.

Alem do que, he barbara a introducção do q em vozes gregas, por não haver letra semelhante no alphabeto grego. Pelo que toca ao c, esta letra que em latim suppre o k, he mais admissivel, por quanto não tendo nós o k aspirado que corresponde ao jota hespanhol e ao ch allemão, o c não cedilhado o suppre, seguido de a, o, u.

O s latino tem o som de ç ou ss no principio das palavras, sendo seguido de vogal, e soa z entre duas vogaes ; v. g. : satis, sero, si, solus, super ; e occasio, occasus, naso, usus, etc. O mesmo tem lugar, em portuguez, e he absurdo usar de z no meio de palavras em que o radical grego ou de lingua estranha a não encerra, como em gaza, gazophyllacio, azote, azymo, azul, etc. Escrever philosopho, filozofo, he absurdo, não só em quanto á substituição de f por ph, mas relativamente á de z por s ; porque em grego zóphos, significa tempo escuro, e sophós sabio. O z, de mui pouco uso em portuguez, deve unicamente empregar-se no principio das vozes que tem este som, como zunir e derivados, zurzir, etc., e no fim das palavras em que substitue o x latino, como em paz, caliz, feliz. No corpo das palavras e nos verbos deve usar-se do z quando as vozes derivão de lingua em que elle he parte essencial do radical, como em azorrague, zorra, azul,