Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/286

ætas, idade, æqualitas, igualdade, corresponde á pronuncia do e dos Gregos antigos e modernos. O œ muda-se em é, ê, ou em ei ; v. g. fœmina, fêmea, pœna, pena, fœtidus, fetido, fœnum, feno ; mas nunca em i.

Existe duvida nas terminações em o ou em u das terceiras pessoas do preterito dos verbos que tem o infinitivo em ar, er ou ir ; v. g. deo, ardeo, verteo, abrio, ferio, que os antigos e alguns modernos escrevem, deu, ardeu, abriu, feriu ; e igualmente em adjectivos que em latim terminão em us, como Judeo, Phariseo, e nos pronomes meu, teu, seu, e no corpo das palavras que em latim se escrevem por u, como agua, egua, lingua, que outros escrevem por o. A estas e outras duvidas do mesmo genero convem a regra seguinte.

Regra VIIª. Em todas as palavras em que a pronuncia constante portugueza tem dado a preferencia ao som o mais surdo do e e do o, estas letras se devem substituir, a primeira ao i, e a segunda ao u latino nas palavras derivadas desta lingua ; e usar-se-ha de e e de o em preferencia a i e a u, todas as vezes que o som for mais surdo.

Applicando a regra, escreveremos nos preteritos deo, abrio, etc., e meu, teu, seu. Em quanto a Judeo, Phariseo, Ptolemeo, assim como em agua, lingua, egua, pode usar-se de u ou de o, se bem que o segundo he mais conforme á pronuncia, vista a natural tendencia do u para agudo. Isto he manifesto nas palavras taboa e tabua, mingoa e mingua, em que o u he naturalmente agudo e longo. Em quanto