Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/289

breve, por am, cahindo no erro manifesto de figurar dous sons vogaes por huma vogal e huma consoante, letras que soão como huma só vogal nasal pura. Este erro he mui antigo, e não sei porque autores modernos o tem renovado. Os nossos maiores que nunca tiverão systema de orthographia coherente, escrevião por am ou ão indistinctamente os preteritos e futuros, e em geral o diphthongo ão, breve ou longo, em toda e qualquer palavra ; v. g. amáram, pret., e amaram, fut. ; Adam e Adão, pam e pão, occasiam e occasião. He portanto inadmissivel tal emprego de am por ão breve.

A orthographia dos pluraes em ães, ões, escriptos aens, oens, he igualmente viciosa, porque o n torna nasal a vogal e que o não he, deixando simples a que he nasal, isto he, o a e o o.

O til alem de fazer nasal a vogal, he ao mesmo tempo signal de suppressão de letra nos radicaes latinos ou castelhanos de que derivão as nossas vozes nasaes. Esta letra he em geral n, se bem que os antigos tambem tornarão nasal huma vogal pela suppressão de l. Ex. cão de canem, pão de panem, mãos de manus, occasiões de occasiones, cidadão, cidadãos de ciudadano, ciudadanos ; e mũito de multum. Hoje conservamos o til como signal de contracção ou abreviatura, v. g. em . Este signal teve com effeito o mesmo uso a principio, e só veio a marcar o som nasal, por denotar suppressão de n fanhoso, não pronunciado como articulação pelos povos hispanicos que corrompêrão a lingua latina para formar della os dialectos de que procedeo