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der, pres-crever, des-truir, ins-culpir, cons-tante, cons-ternar, sendo certo que por este modo se separa o s do radical a que pertence em latim : struere, sculpire, spondere, scribere, stante, sternere. Todavia, nisto não ha erro, e só huma contracção de duas syllabas em huma. Com effeito responder, destruir, etc, equivalem a re-esponder, de-estruir, etc, e assim partindo res-, des-, não fazemos mais que contrahir rees, dees. Partindo constar, he como se escrevêramos cões-tar, e não ha erro em separar es-tar. Nos mais vocabulos não existe duvida, separando-se sempre a palavra pela syllaba terminada ; v. g. o-pe-ra-ção, le-al, joi-a, lu-ar, qua-li-da-de, al-tar, al-ma, as-tro, inde-mni-sar, o-mni-po-ten-te, o-bra. As letras dobradas separão-se, e os diphthongos nunca ; v. g. ad-mit-tir, al-livio, fi-eis, ai-po, ei-xo, ir-mão, o-ra-ções, u-niões.

Concluindo direi que não existe outro meio de fixar a opinião do publico sobre as anomalias da nossa orthographia senão a publicação de hum bom diccionario etymologico.

Por falta d’elle vemos até autores de grammaticas e de systemas de orthographia escrever Hyppocrates, em vez de Hippocrates, dyscolo, por discolo, e dar as mais erradas e disparatadas etymologias a certos termos.