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Ex. Cicero, Lisboa, a caridade, a prudencia, o pejo, a intelligencia, a justiça, a sede, a fome, o somno, o sangue, a grammatica (arte), a sciencia, a physica, o amar, o querer, o ouro, a prata, o ferro, o fogo, a agua, o ar, a terra, o azeite, o vinho, o salitre, o trigo, a cevada, a cal, a areia, a pimenta, a cavallaria, a infantaria, a gentilidade, o christianismo, o paganismo. Mas muitas castas palavras admittem plural quando se tomão em sentido commum ou appellativo, como terras, mares, aguas, fogos, ares, ferros (por grilhões), pratas (por peças de prata), saes (de diversa natureza), azeites, vinhos, assucares (de diversas terras ou qualidades), e até os nomes proprios de homens e de animaes quando os fazemos communs. Ex. os Homeros, os Camões, os Ciceros, como se disseramos : os poetas iguaes a Homero, a Camões ; os oradores iguaes a Cicero.

Tem só plural, ou pelo menos, he mais usado que o singular, certos nomes que exprimem cousas que se achão sempre em numero ou quantidade mais ou menos consideravel formando hum todo ligado ou homogeneo. Taes são : favas, ervilhas, tremoços, lentilhas, grãos (legume), farelos, papas, migas, fezes. He porém falso dizer que tem só plural, porquanto dizemos o farelo, huma lentilha, fava ou ervilha.

Finalmente ha nomes pluraes, como andas, andilhas, algemas, bofes, calças, bragas, calções, ceroulas, fauces, tesouras, ventas, que exprimem duas cousas ligadas formando huma só, ou que tem