Vem a rivalidade, a traição, a mentira,
o exagêro da glória, a negação da falta;
Caim mata de novo Abel, – mas por mais alta
que sobressaia a eterna voz,
aos seus ouvidos não há voz que fira! –
Mesmos os Abeis tornaram-se Cains;
e os homens todos, na avareza atroz,
ganiram, defendendo os bens, como mastins...

A afeição tresmalhou. E no estêrco fecundo
de mil invejas e ambições, abrolha
a flor de púrpura da guerra... E o mundo
todo, a tremer nos seus arcanos olha.

Nêsse ponto do globo, onde o passado
viu continuar, em surto resplendente,
as civilizações do antigo oriente,
nas águas batismais das energias novas,
tudo é um imenso plaino devastado!
O homem voltou ao seu estado primitivo:
blasfema, odeia, trai, e sepulta-se vivo
em trincheiras, sinistras como covas...

Cruza os espaços, rebentando, atroa
a cólera do obús;
e no arruído, no choque e na fumaça,
a civilização perde a coroa,
e treme, e foge, e tomba e se espedaça,
desertando da grande luz!...

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