todos renego toda a má intenção, poderá ainda a sua generosidade condemnar-me? É como se inconscientemente despedisse por cima de uma casa um dardo, e fosse ferir um irmão.
Meu coração está satisfeito; era elle que mais me excitava á vingança; mas no campo da honra recuso-me a toda a conciliação, até que arbitros mais idosos e de provada lealdade, me imponham, fundados em precedentes, uma sentença de paz, que ponha o meu nome ao abrigo de toda a suspeita. Até então acceito a amisade que me offerece, e nada farei em seu detrimento.
Acceito francamente essa promessa, e a lucta fraternal que vamos encetar. Venham os floretes, comecemos.
Dêem-me um florete!
Vou ser o seu alvo, Laerte; ao pé da minha inexperiencia vae sobresaír a sua pericia, como um astro brilhante em noite escura.
Zomba de mim?
Juro que não!
Dá-lhes floretes, Osrico, Primo Hamlet, conheces a aposta?
Perfeitamente, senhor; aposta demasiado vantajosa para o mais fraco.
Nada receio; já os conheço ambos, e poisque Hamlet é quem mais avantajado está, a sorte está pelo nosso lado.
Este não, que é muito pesado; outro!
Este convem-me; os floretes são todos iguaes, não é verdade?