Que pretendes de mim? queres tu porventura assassinar-me? Acudam á rainha, acudam!
O que é! olá, soccorro!
Que é isso? Um rato? (Dando-lhe uma estocada.) Aposto um ducado em como o matei!
Mataram-me, eu morro. (Cáe para fóra do reposteiro e morre.)
Que fizeste, infeliz?
Ignoro-o; seria o rei? (Levanta o reposteiro e puxa pelo cadaver de Polonio.)
Que acto de crueldade e de sangue!
De sangue; quasi tão reprehensivel, minha mãe, como assassinar um rei e desposar o irmão!
Assassinar um rei?
Sim, um rei, foi o que eu disse. (A Polonio.) Quanto a ti, pobre diabo, louco, temerario e indiscreto, as nossas contas estão ajustadas, aprendeste á tua custa o perigo que corre quem se intromette nos negocios dos outros. (Á rainha.) Cesse de estorcer-se. Silencio, sente-se, quero torturar o seu coração, e fal-o-hei, se ainda possue alguma sensibilidade, e o habito do crime não a bronzeou a ponto de ser insensivel a toda a especie de emoção.
Que fiz eu, Hamlet, para que me falles n'esse tom ameaçador?