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cia no reino não ultrapassaria a oito mezes ; que pagariam uma capitação, ácerca da qual variam os escriptores, acaso porque as exigencias de facto excederam as convenções[1], ficando captivos aquelles que deixassem de solvê-la ao passarem a fronteira ; que, emfim, o governo português lhes administraria navios para se transportarem aonde quizessem, pagando as respectivas passagens[2]. Seiscentas familias mais ricas contractaram particularmente ficarem no reino a troco de sessenta mil cruzados[3]. O mesmo se concedeu aos officiaes mechanicos de certos officios. Designaram-se então os pontos por onde a entrada devia verificar-se, que foram Olivença, Arronches, Castello-Rodrigo, Bragança e Melgaço, e para ahi se enviaram agentes fiscaes que cobrassem a capitação e passassem quitações que serviriam de resalva aos emigra-

  1. «Com emposição de certos cruzados por cabeça»: Pina, l. cit.; — «que pagassem por cabeça huũ tanto; o tanto era huũ cruzado»: Memor. Mss. da Ajuda, fl. 193, — Mariana eleva a capitação a oito escudos de ouro: Hist. Gener. L. 26, c. i. — Goes (Chron. de D. Manuel, P. i, c. 10) diz que foi de oito cruzados.
  2. Pina, l. cit. — Memor. Mss. da Ajuda, l. cit.
  3. Memor. Mss. da Ajuda, l. cit.