reresultado de tão atroz systema se completava pelas scenas de extermínio que temos descripto, era impossível que os remorsos não lacerassem o coração de D. Manuel e daquelles que applaudiam ou aconselhavam esta politica anti-christan. Evidentemente o fanatismo ou, antes, a hypocrisia não se contentava com a oppressão e o sacrilégio : queria a espoliação e o sangue. Os dominicanos tinham usado de uma terrível eloquência, hasteiando o symbolo da redempção e a imagem do Salvador para á sombra dessa imagem abrigarem o roubo, a prostituição e o assassínio. Todas as idéas religiosas e moraes estavam invertidas. Reter á força os pseudo christãos-novos em Portugal era renovar deliberadamente essa epocha em que os martyres cabiam despedaçados pelas feras nos circos romanos. Só os actores mudariam. Nada mais natural, portanto, do que modificarem-se as opiniões do rei de Portugal. Os clamores daquella raça proscripta foram, emfim, ouvidos. A ordenação pela qual se estatuira que nenhum christão-novo saísse do reino sem permissão regia, a que lhes vedava venderem os bens de raiz e a que os inhibia de converterem capitães em letras de cambio, tudo foi revogado. Deu-se-lhes ampla licença