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certidões dos testemunhos dados a favor dos mesmos conversos pelo bispo de Silves D. Fernando Coutinho, quando fora obrigado a manifestar o seu voto ácerca dos crimes do judaísmo[1]. Foi decisivo o golpe. Mezes antes, sabendo que existiam estes documentos em Roma, D. Henrique de Meneses tinha obtido copia delles (talvez havida pelo arcebispo da mão de Duarte da Paz) e enviado essa copia para Portugal. Duvidava da sua genuinidade, porque elrei nunca lhe falara sobre tal assumpto. Apesar, porém, de pedir instrucções a semelhante respeito, não recebera resposta[2]. Assim, Ghinucci e Simonetta impunham silencio, tanto aos embaixadores como a Santiquatro, dizendo que, se mostrassem serem falsos os privilegios, estariam por tudo quanto elrei desejava; mas que, se não o eram, a corte de Roma não devia tomar sobre si o odioso de invalidar os effeitos da clemencia dos principes portugueses, senão quando se convencesse de que

  1. Carta de D. Martinho de 14 de março, l. cil. Sobre as opiniões do bispo de Silves que Duarte da Paz invocava veja-se o vol. i, pog. 262 e segg.
  2. Carta de D. H. de Meneses, cit. — Carta de D. Martinho, cit.