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Remettendo as resoluções definitivas do pontifice, tanto os embaixadores como Santiquatro escreveram a elrei. Inquietava-os o descontentamento que receberia com o resultado daquella missão; mas era preciso fazerlhe comprehender bem o estado das cousas, e mostrar-lhe que elles, no desempenho das suas funcções, não tinham omittido diligencia alguma para as levar a bom termo. O cardeal protector, historiando rapidamente as phases por que passara o negocio, accusava o desleixo com que o governo português tractara este a principio, attribuindo exclusivamente a insistencia no perdão geral e as restricções que se punham aos futuros inquisidores á impressão que haviam produzido na curia os privilegios concedidos aos conversos por D. Manuel e por elle rei actual. Ponderava-lhe, além disso, a necessidade da indulgencia para com homens violentados a receber o baptismo, e consolava-o das restricções impostas á Inquisição, sobretudo no que tocava ao praso da suspensão dos confiscos, lembrando-lhe quão rápidos fugiam os annos[1]. A carta do arcebispo do Funchal era noutro estylo e re-

  1. Carta de Santiquatro de 14 de março de 1535, l. cit.