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pendente sobre a raça proscripta. Assim, embora procurasse conciliar a benevolencia d'elrei trahindo a causa em que estava empenhado e, até, para melhor disfarçar a sua deslealdade e conduzir os occultos meneios em que se embrenhara, Duarte da Paz devia dedicar-se activamente a sollicitar o perdão dos seus co-religionarios pelo que respeitava ao passado. Fora o que fizera e, embora repellido por Santiquatro, obtivera, conforme dissemos, a dicisiva protecção da maioria dos cardeaes. Obstava a resistencia de Pucci[1]e a do embaixador português, a quem, pelo menos, cumpria guardar as apparencias do zelo, se na realidade o não tinha. Uma circumstancia, porém, veio fazer triumphar a causa dos christãos-novos, e foi o ausentarse temporariamente de Roma o cardeal Santiquatro. Aproveitou-se o ensejo. Num consistorio celebrado nesse meio tempo deu-se deferimento ás supplicas dos conversos, recusando o papa admittir como parte neste negocio o embaixador português[2], e a 7 de

  1. Carta de Santiquatro a D. João III, na G. 2, M. 5, N.° 51, no Arch. Nac.
  2. «O modo que se nisso teve é individo e desordenado, querer passar as ditas provisões (as da