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acto senão por ordem d'elrei, em cujo damno redundaria o crime, além da deshonra, dos remorsos e dos riscos que d'ahi haviam de resultar. Na remoção de Duarte da Paz, por qualquer modo que fosse, consistia, na opinião do metropolita, o principal meio de espalhar o terror e o desalento nas fileiras inimigas[1]. Aconselhando o assassínio de um homem com quem tinha estreitas, posto que occultas relações, o arcebispo cria, provavelmente, affastar de si as suspeitas de uma criminosa convivencia com os christãos-novos, e mostrando-se convencido da necessidade de recorrer á poderosa protecção do imperador d'Allemanha, não só lisongeiava as intenções da corte, mas tambem inculcava pelo estabelecimento definitivo da Inquisição um zelo que não tinha. Por outro lado, havendo o papa voltado a Roma nos principios de outubro, o

  1. «ou V. A. o mando botar (Duarte da Paz) neste Tibre, ou o mande hir com algua cor, e perdoelhe...» — «Que so ha de fazer? Replicar-lhe? Desputaremos: o se dixer palavra descortês, matalo. Isto não fará ninguem, se ho V. A. não mandar; porque é vosso desserviço, desonra, conciencia, e risco. Atalhar a tudo fará muito fruto, e os mesmos cristãos-novos desesperarão». C. de D. Martinho cit.