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respectivas notas, logo que lh'as tivesse communicado[1].

As difficuldades com que o agente português em Roma tinha de luctar eram grandes, assim porque a curia mostrava claras tendencias para favorecer os christãos-novos, como por outras circumstancias. Irritavam o papa as resistencias e os artifícios que empregava a corte de Portugal para evitar a extorsão das duas decimas nas rendas ecclesiasticas, ou para, ao menos, ter quinhão na presa[2]. Por outro lado, nomeiando-se o infante inquisidor-mór, tinha-se previsto e calculado uma collisão com o nuncio, que désse fundamento plausivel a expulsar este[3], e Capodiferro

  1. Minuta da carta a D. Pedro Mascarenhas, na G. 13, M. 8, N.° 6.
  2. Esta negociação complicada, de que ainda teremos de falar, entreteve quasi exclusivamente no 1.° semestre de 1539 o embaixador Mascarenhas, cujos habeis esforços foram em parte frustrados pela impericia dos ministros de D. João iii. Consulte-se a sua curiosa correspondencia, de que existe grande parte na Bibliotheca da Ajuda e algumas cartas na Torre do Tombo.
  3. «esta emleição... do infante... senão pera com elle poder mylhor deytar desse Reyno o nuncyo»: Carta de D. Pedro Mascarenhas de 21 de setembro de 1539, na sua Correspond. Original, f. 132 v. e 133.