acreditassemos as primeiras explicações daquelle extranho acto, que elle deu depois de voltar a Roma, a bulla de 12 de outubro chegara tão tarde a Lisboa, que, estando de partida, o tempo ter-lhe-hia faltado para a fazer executar, se o houvera tentado. Mal acceita esta desculpa, porque o breve de revocação lhe deixara a faculdade de se demorar mais ou menos, dizia depois que se achava já em Castella quando recebera o diploma pontificio, e não se julgara habilitado para volver de novo a Lisboa, afim de o fazer cumprir[1]. No extenso memorial dirigido pelos christãos-novos a Paulo iii em 1544 o procedimento de Capodiferro nesta conjunctura é desculpado pelos mesmos que delle haviam sido victimas. Affirma-se ahi que a bulla continha alguns pontos obscuros, ácerca dos quaes elles proprios haviam encarregado Capodiferro de obter do pontifice os necessarios esclarecimentos[2]. Uma circumstancia, porém, tira o valor a este favoravel testemunho dos conversos. Capodiferro, apesar de todas as queixas de corrupção que contra elle havia, longe de cahir no desagrado da curia romana,