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governo português tinha a oppor contra as amplas concessões feitas aos conversos[1]. Dirigiu-se, portanto, o arcebispo a Marselha, aonde chegara o papa a 12 de outubro[2]. Um dos primeiros actos, porém, de Clemente vii, depois de se achar em França, fora revalidar a bulla de 7 de abril e escrever energicamente a D. João iii para que obedecesse ás provisões nellas contidas[3]. Nascia este procedimento das suggestões do núncio. Dando conta da sua missão, avisava o papa de que pedira a elrei facilitasse a execução dos mandados apostolicos; mas que as suas diligencias haviam sido baldadas, bem como o tinham sido as supplicas dos christãos-novos, que,

  1. Carta de Santiquatro, l. cit.
  2. Pallavicino, Istoria del Concilio di Trento, L. 3, cap. 14.
  3. No rápido esboço da historia das primeiras negociações relativas á Inquisição, contido na carta de Santiquatro acima citada, não se allude a esta circumstancia, nem no Archivo Nacional se encontra o breve dirigido a D. João III. Todavia no Memorial dos Christãos novos menciona-se o facto como cousa sabida na curia romana, e na copia do Processo da Inquisição que consultou Fr. M. de S. Damaso (Verd. Elucid. Argum. n.° 8) estava inserido o breve, que começa Ex litteris nuntii, e é datado de 19 de outubro.