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Apesar da segurança com que falara ao papa, a verdade é que D. Pedro não sabia se acertara com os motivos a que attribuira a vinda do emissario, nem até que ponto era inexacta a narrativa da aventura pela qual este dizia ter passado. Procedendo a ulteriores indagações, soube que o recem-chegado era um irmão de Diogo Antonio, procurador dos conversos. O assumpto de que principalmente vinha iractar era compor as duvidas suscitadas ente Diogo Antonio e os seus committentes ácerca das sommas que este exigia como despendidas em Roma, tanto em despesas licitas como em peitas, e que os christãos-novos duvidavam de pagar. As causas que dera ao papa da missão do Heitor Antonio (assim se chamava o recem-vindo) eram apenas provaveis. Talvez tivesse tambem por objecto sollicitar a enviatura de um novo nuncio, no que os conversos tanto interessavam. Quanto á aventura que escandalisara o pontifice, eis o que o embaixador pôde apurar por intervenção de varios portugueses, a quem o emissario a havia particularmente narrado. Tendo este partido de Aldeia-gallega pela pósta, encontrara nas immediações de Riofrio o camareiro-mór do infante e outro individuo, ambos montados, os quaes, vendo-o