revestido em 1525 e que, dadas as differenças do tempo, equivalia ao de ministro do reino. As circumstancias da nomeiação de D. Miguel ligam-se intimamente com os successos occorridos quinze annos depois. Tinha elle sido educado em França e em Italia, distinguindo-se na sua mocidade por subidos dotes litterarios. Enviado a Roma como embaixador d'elrei D. Manuel em tempo de Leão x, alli renovara com os homens superiores que ornavam a corte pontificia, fóco de todo o brilho das sciencias e das lettras naquella epocha, as suas relações da juventude. Quizera o papa retê-lo perpetuamente alli, dando-lhe a purpura cardinalicia; mas, ou fosse por um movimento de gratidão e patriotismo, ou porque outras eram as suas ambições, D. Miguel preferiu continuar a servir o seu soberano e a patria. Subindo ao throno pontificio, Clemente vii pensou em elevar o embaixador português á dignidade que este já uma vez recusara e que, segundo parece, agora se mostrava propenso a acceitar. Soube-o D. João iii, cuja politica era não consentir houvesse um subdito seu cujas prerogatives ecclesiasticas o fizessem hombreiar com os membros da familia real. O antigo embaixador foi mandado retirar, sendo substituido por D. Martinho