se devia inculcar o christianismo, o respeito que cumpria ter-se á liberdade do alvedrio humano na adopção de uma crença nova, e a indulgencia de que antigamente se usava para com as fragilidades e desvios dos neophytos, que vinham, aliás, espontaneamente e sem nenhuma coacção alistar-se então debaixo das bandeiras da cruz, os defensores da bulla de 7 de abril punham em contraste com esse admiravel quadro de tolerancia e de moderação nos primeiros seculos da igreja as scenas de bruta tyrannia com que se procedera em Portugal á conversão dos judeus. Ao quadro do abandono em que os prelados e clero de Portugal tinham deixado homens trazidos sem vocação ao gremio da igreja, elles contrapunham o zelo modesto, mas incessante, a paciencia e brandura com que na origem do christianismo os apostolos e os seus immediatos successores iam guiando os debeis passos dos convertidos, e alimentando com a instrucção religiosa os animos vacillantes dos que, abrindo os olhos á luz da eterna verdade, ainda não tinham a robustez precisa para supportar todo o seu explendor, sacrificando até, ás vezes, a disciplina christã a habitos arreigados que não era possivel extirpar de repente, quando esses habitos não