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tendo por objecto reforçar as considerações que nella se faziam[1].

Vê-se que havia um ponto em que discordavam os dous ministros portugueses. Era o da intervenção do gabinete de Castella neste negocio. Emquanto o arcebispo indicava como fatal essa intervenção e attribuia a ella principalmente os maus resultados da empreza, D. Henrique de Meneses aconselhava novas e apertadas instancias, para obter o favor de Carlos v, no caso de se quererem continuar as negociações. E' obvio que a protecção decisiva do imperador era assás forte para coagir Clemente vii, que, por motivos extranhos ao nosso assumpto, a nenhum principe da Europa devia temer tanto como ao poderoso monarcha da Hespanha: a manifestação clara e precisa dos seus desejos nesta materia equivaleria sem duvida a uma ordem formal. Embora o arcebispo allegasse o duplice procedimento anterior do ministro hespanhol em Roma, ainda suppondo que tal procedimento fosse resultado de insinuações secretas, a consequencia não era, como elle entendia, inutilisar essa arma irresistivel; era fazer di-

  1. Ibid.