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a dous negociadores, que eram o novo nuncio e o bispo de Coimbra, Fr. João Soares; mas, apesar disso, a lucta de enredos a tal proposito continuava na corte pontificia com a mesma actividade[1]. Assim, passados alguns mezes, Simão da Veiga, voltando a Roma (fevereiro de 1546), achou tudo a ponto de se concluir, segundo affirmavam Santafiore e o mesmo papa e, até, conforme cria Balthasar de Faria, mas, na realidade, no mesmo estado em que o deixara. A falta de cartas de Ricci, dizia-se, era o unico obstaculo á redacção da nova bulla; mas este era insuperavel. Debalde o activo agente inculcava ao pontifice que se illudiam os seus compromissos com este pretexto; debalde pintava a Farnese o descontentamento d’elrei e recordava a Santafiore o que por seu proprio punho escrevera para Portugal. Nada conseguia em definitiva, senão boas palavras, e descubrir pelos seus informadores secretos que estava sendo procurador dos christãos-novos o confessor do papa[2].

Se na importancia que se ligava ás com-

  1. Ibid.
  2. C. de Simão da Veiga a elrei de 28 de abril de 1546, l. cit.