ou outro ponto menos correcto na exposição dos factos em que as instrucções se estribavam, mas a appreciação geral delles era exacta. Não escrevendo a historia do reinado de D. João iii, mal poderiamos, na verdade, colligir aqui todos os vestigios que nos restam da irremediavel decadencia moral e material do paiz naquella triste epocha, decadencia que explica sobejamente o proximo termo que teve a nossa independencia. Entretanto, para que o leitor possa ajuizar se a curia romana estava bem informada, mencionaremos varios factos caracteristicos dessa miseria economica e dessa perversão de costumes de que em Roma esperavam tirar tão assignaladas vantagens.
Já noutros logares temos tido occasião de alludir ás difficuldades da fazenda publica na epocha de D. João iii e á má administração economica do reino. As actas das cortes de 1525 e 1535 dão grande luz sobre este assumpto. Algumas notas estatisticas, relativas a annos posteriores, esclarecem-nos ainda melhor a tal respeito. São essas notas do conde da Castanheira, védor da fazenda, e por isso homem especialmente habilitado para appreciar a situação do erario. A divida publica era em 1534 de mais de dous milhões,