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tos de freiras não se achavam em melhor estado, sendo o de Chellas, o de Semide e outros theatro de continuos escandalos[1]. A historia de Lorvão e da sua abbadessa, D. Philippa d’Eça, é um dos quadros mais caracteristicos daquella epocha. Lorvão contava então cento e setenta freiras, entre professas, noviças e conversas. A familia d'Eça preponderava alli. Della eram tiradas sempre, havia sessenta annos, as abbadessas, e outros tantos havia que a dissolução era completa em Lorvão. Das freiras então actuaes uma parte nascera no mosteiro. Suas mães, não só não se envergonhavam de as crear no claustro e para o claustro, mas ahi mantinham tambem seus filhos do sexo masculino. D. Philippa era uma dessas bastardas, fiel ás tradições maternas. Andava ausente quando falleceu D. Margarida d’Eça, a ultima abbadessa. Aquellas que tinham vivido em verdes annos com D. Philippa e que contavam com a sua indul-

     de boa religiam, e serem todos ignorantes e homens de pouco saber». Correspondencia Orig. de Balthasar de Faria, f. 196 (Carta d'elrei de 21 de agosto de 1546), na Biblioth. da Ajuda.

  1. Carta d’eirei a B. de Faria de 6 de setembro de 1545: Ibid. f. 138.