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me gabando. Agora porque aquele pelintra de um muladeiro matou por acaso uma onça estão fazendo um escarcéu, meu Deus! já pensam que estão em casa com um Roldão ou um Ferrabrás de Alexandria.

– Não é por ter matado a onça, primo... arre lá! quem ouvisse isto, havia de dizer que o primo ou tem a cabeça muito dura ou o coração muito mau; não é por ter matado ao nça, já se lhe disse, – mas por me ter salvado a vida, que damos e havemos de dar sempre a nossa amizade e gratidão a esse digno moço.

– Ora gratidão!... outro qualquer teria feito o mesmo. Eu também quando a prima era mais pequena, não se lembra? não a livrei de ser atravessada pelos chifres de um boi bravo?... se eu não agarro e carrego-a no ombro, e pulo de um salto a cerca do curral, adeus, prima Paulina! já estava comendo terra há muitos anos. E nem por isso eu vi ninguém vir derreter-se em agradecimentos...

– Ora, primo, nem fale nisso. Eu era uma criancinha, não podia dar o devido apreço a esse imenso serviço que me fez o primo. Mas hoje eu o reconheço, e beijo-lhe as mãos agradecida, meu bom e valente primo. Mas se também lhe devo a vida, primo, não é isso razão para que eu deixe de mostrar-me também