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– Senhor meu primo, não sei quem lhe deu o direito de me repreender e regular as minhas ações!.. O senhor é mui­to tolo em pensar que eu lhe devo dar satisfação do que faço e do que digo. Felizmente ainda tenho pai, e é só dele e de mais ninguém que aceito repreensões, ouviu, meu primo?... Se vosmecê faz garbo de ser ingrato, eu não quero e nem posso fazer o mesmo; hei de ser sempre muito reconhecida e grata ao moço generoso e delicado que fez por mim, que lhe era inteiramente estranha e desconhecida, o que o senhor, sendo parente e amigo, não pôde ou não quis fazer.

Esta violenta apóstrofe fulminou o pobre do Roberto.

– Oh! prima da minha alma!... o que é isso?... por quem é... não se enfeze... espere... olhe, venha cá... não foi por lhe ofender que eu falei... oh! prima... pelo amor de Deus... não dê o cavaco...

Assim exclamava o desapontado primo com voz chorosa e balbuciante, enquanto a prima que voltara-lhe as costas com o mais soberano desdém, desaparecia no fundo do corre­dor sem lhe dar a mínima resposta.

Roberto, que com razão desconfiava de si mesmo, e tinha talvez alguma consciência do seu pouco merecimento indivi­dual, de sua imensa inferioridade