pedido, os sarcasmos de Conrado, e, posto reconhecesse que fôra um pouco exigente, não achava justificação para taes excessos. Ia de um lado para outro, sem poder parar; foi á sala de visitas, chegou á janella meia aberta, viu ainda o marido, na rua, á espera do _bond_, de costas para casa, com o eterno e torpissimo chapéo na cabeça. Marianna sentiu-se tomada de odio contra essa peça ridicula; não comprehendia como pudera supportal-a por tantos annos. E relembrava os annos, pensava na docilidade dos seus modos, na acquiescencia a todas as vontades e caprichos do marido, e perguntava a si mesma se não seria essa justamente a causa do excesso d'aquella manhã. Chamava-se tola, moleirona; se tivesse feito como tantas outras, a Clara e a Sophia, por exemplo, que tratavam os maridos como elles deviam ser tratados, não lhe aconteceria nem metade nem uma sombra do que lhe aconteceu. De reflexão em reflexão, chegou á ideia de sahir. Vestiu-se, e foi á casa da Sophia, uma antiga companheira de collegio, com o fim de espairecer, não de lhe contar nada.

Sophia tinha trinta annos, mais dous que Marianna. Era alta, forte, muito senhora de si. Recebeu a amiga com as festas do costume; e, posto que esta lhe não dissesse nada, adivinhou que trazia um desgosto