levar áquelle regaço do saber os fructos da razão esclarecida. Eram amigos, viuvos e quinquagenarios. Cultivavam especialmente a methaphysica, mas conheciam a physica, a chimica, a medicina e a musica; um d'elles, Stroibus, chegára a ser excellente anatomista, tendo lido muitas vezes os tratados do mestre Herophilo. Chypre era a patria de ambos; mas, tão certo é que ninguem é propheta em sua terra, Chypre não dava o merecido respeito aos dous philosophos. Ao contrario, desdenhava-os; os garotos tocavam ao extremo de rir d'elles. Não foi esse, entretanto, o motivo que os levou a deixar a patria. Um dia, Pythias, voltando de uma viagem, propoz ao amigo irem para Alexandria, onde as artes e as sciencias eram grandemente honradas. Stroibus adheriu, e embarcaram. Só agora, depois de embarcados, é que o inventor da nova doutrina expol-a ao amigo, com todas as suas recentes cogitações e experiencias.

— Está feito, disse Pythias, levantando a cabeça, não affirmo nem nego nada. Vou estudar a doutrina, e se a achar verdadeira, proponho-me a desenvolvel-a e divulgal-a.

— Vive Helios! exclamou Stroibus. Posso contar que és meu discipulo.