dama incognita. Fui a um hotel. Escolhi uma mesa no fim da sala, e sentei-me de costas para as outras; não queria ser visto nem conversado. Comecei a comer o que me deram. Pedi alguns jornaes, mas confesso que não li nada seguidamente, e apenas entendi tres quartas partes do que ia lendo. No meio de uma noticia ou de um artigo, escorregava-me o espirito e cahia na rua da Misericordia, á porta da egreja, vendo passar a incognita, vagarosa, cabisbaixa, apoiando-se no chapellinho de sol.

A ultima vez que me aconteceu essa separação da _outra_ e da _besta_, estava já no café, e tinha diante de mim um discurso parlamentar. Achei-me ainda uma vez á porta da egreja; imaginei então que as primas não estavam commigo, e que eu seguia atraz da bella dama. Assim é que se consolam os preteridos da loteria; assim é que se fartam as ambições mallogradas.

Não me peçam minucias nem preliminares do encontro. Os sonhos desdenham as linhas finas e o acabado das paysagens; contentam-se de quatro ou cinco brochadas grossas, mas representativas. Minha imaginação galgou as difficuldades da primeira falla, e foi direita á rua do Lavradio ou dos Invalidos, á propria casa de Adriana. Chama-se Adriana.