não fosse ridicula, e não o era. Dir-me-ha o leitor que a belleza vive de si mesma, e que a preoccupação do calendario mostra que esta senhora vivia principalmente com os olhos na opinião. É verdade; mas como quer que vivam as mulheres do nosso tempo?

D. Camilla entrou na casa dos trinta e não lhe custou passar adiante. Evidentemente o terror era uma superstição. Duas ou tres amigas intimas, nutridas de arithemetica, continuavam a dizer que ella perdera a conta dos annos. Não advertiam que a natureza era complice no erro, e que aos quarenta annos (verdadeiros), D. Camilla trazia um ar de trinta e poucos. Restava um recurso: espiar-lhe o primeiro cabello branco, um fiosinho de nada, mas branco. Em vão espiavam; o demonio do cabello parecia cada vez mais negro.

N'isto enganavam-se. O fio branco estava alli; era a filha de D. Camilla que entrava nos dezenove annos, e, por mal de peccados, bonita. D. Camilla prolongou, quanto poude, os vestidos adolescentes da filha, conservou-a no collegio até tarde, fez tudo para proclamal-a creança. A natureza, porem, que não é só immoral, mas tambem illogica, emquanto sofreava os annos de uma, afrouxava a redea aos da outra, e