como um velho costume não se perde de um dia para outro, D. Camilla viu parallelamente, n'aquella festa do coração, um scenario e grande scenario. Preparou-se galhardamente, e o efeito correspondeu ao esforço. Na egreja, no meio de outras damas; na sala, sentada no sophá (o estofo que forrava este movel, assim como o papel da parede foram sempre escuros para fazer sobresahir a tez de D. Camilla), vestida a capricho, sem o requinte da extrema juventude, mas tambem sem a rigidez matronal, um meio termo apenas, destinado a pôr em relevo as suas graças outoniças, risonha, e feliz, emfim, a recente sogra colheu os melhores suffragios. Era certo que ainda lhe pendia dos hombros um retalho de purpura.

Purpura suppõe dynastia. Dynastia exige netos. Restava que o Senhor abençoasse a união, e elle abençoou-a, no anno seguinte. D. Camilla acostumara-se a idéa; mas era tão penoso abdicar, que ella aguardava o neto com amor e repugnancia. Esse importuno embryão, curioso da vida e pretencioso, era necessario na terra? Evidentemente, não; mas appareceu um dia, com as flores de Setembro. Durante a crise, D. Camilla só teve de pensar na filha; depois da crise, pensou na filha e no neto.