realmente elles podiam vêr, e concluiu que sim.

Digam-me, se, em taes condições, a vida de Caetaninha podia ser alegre. Não lhe faltava nada, é verdade, porque o padrinho era rico. Foi elle mesmo que a educou, desde os sete annos, quando perdeu a mulher; ensinou-lhe a ler e escrever, francez, um pouco de historia e geographia, para não dizer quasi nada, e incumbiu uma das mucamas de lhe ensinar crivo, renda e costura. Tudo isso é verdade. Mas Caetaninha fizera quatorze annos; e, se nos primeiros tempos bastavam os brinquedos e as escravas para divertil-a, era chegada a idade em que os brinquedos perdem de moda e as escravas de interesse, em que não ha leituras nem escripturas que façam de uma casa solitaria na Tijuca um paraiso. Descia algumas vezes, raras, e de corrida; não ia a theatros nem bailes; não fazia nem recebia visitas. Quando via passar na estrada uma cavalgada de homens e senhoras, punha a alma na garupa dos animaes, e deixava-a ir com elles, ficando-lhe o corpo, ao pé do padrinho, que continuava a ler.

Um dia, estando na chacara, viu parar ao portão um rapaz, montado n'uma bestinha, e ouviu que lhe perguntava se era alli a casa do doutor Fulgencio.

— Sim, senhor, é aqui mesmo.