d'estas lhe dizia: «Parece que é melhor não escrever mais, uma vez que a senhora se regala n'uma comborçaria de máu gosto.» Que era comborçaria? Maria Olympia quiz perguntal-o ao marido, mas esqueceu o termo, e não pensou mais n'isso.

Entretanto, constou ao marido que a mulher recebia cartas pelo correio. Cartas de quem? Esta noticia foi um golpe duro e inesperado. Galvão examinou de memoria as pessoas que lhe frequentavam a casa, as que podiam encontral-a em theatros ou bailes, e achou muitas figuras verosimeis. Em verdade, não lhe faltavam adoradores.

--Cartas de quem? repetia elle mordendo o beiço e franzindo a testa.

Durante sete dias passou uma vida inquieta e aborrecida, espiando a mulher e gastando em casa grande parte do tempo. No oitavo dia, veiu uma carta.

--Para mim? disse elle vivamente.

--Não; é para mim, respondeu Maria Olympia, lendo o sobrescripto; parece letra de Mariana ou de Lulú Fontoura...

Não queria lel-a; mas o marido disse que a lesse; podia ser alguma noticia grave. Maria Olympia leu a carta e dobrou-a, sorrindo; ia guardal-a, quando o marido desejou ver o que era.