escripto, mas dous. O primeiro é o meu testamento, que acabo de compor e fechar, e está aqui em cima da mesa, ao pé da pistola carregada. O segundo é este resumo de autobiographia. E note-se que não dou o segundo escripto senão porque é preciso esclarecer o primeiro, que pareceria absurdo ou inintelligivel, sem algum commentario. Disponho alli que, vendidos os meus poucos livros, roupa de uso e um casebre que possuo em Catumby, alugado a um carpinteiro, seja o producto empregado em sapatos e botas novas, que se distribuirão por um modo indicado, e confesso que extraordinario. Não explicada a razão de um tal legado, arrisco a validade do testamento. Ora, a razão do legado brotou do incidente de ha pouco, e o incidente liga-se á minha vida inteira.

Chamo-me Mathias Deodato de Castro e Mello, filho do sargento-mór Salvador Deodato de Castro e Mello e de D. Maria da Soledade Pereira, ambos fallecidos. Sou natural de Corumbá, Matto Grosso; nasci em 3 de março de 1820; tenho portanto, cincoenta e um annos, hoje, 3 de março de 1871.

Repito, sou um grande caipora, o mais caipora de todos os homens. Ha uma locução proverbia