A construção desta terceira via teria como função, segundo Lovink, “observar a maneira com que os desenvolvedores e as primeiras comunidades de usuários tentaram conquistar e então modelar o rápido crescimento e mutação do ambiente da internet, apoiando alguns dos valores libertários (anti-censura), mas criticando outros (populismo do mercado neoliberal)”. Ganhou força em meados dos 1990, no desenvolvimento da net-art, do hackativismo e dos festivais de mídia tática, inclusive no Brasil, e tem como questão importante a criação de uma infraestrutura de rede independente de grandes empresas, além de proteger certas liberdades da internet e a privacidade a partir de técnicas antivigilância. O net-criciticism ainda está presente hoje, por exemplo, na postura de Julian Assange, criador do Wikileaks, dos criptopunks, de uma certa linha da cultura hacker europeia e latino-americana, que vê a ética hacker como atitude desviante de revolta e inovação criativa em face aos sistemas de controle com os quais se opõe; na filosofia original do software livre e na defesa dos direitos humanos na internet — os chamados direitos digitais. Mas sobre o net-criticism e o pensamento tecnopolítico falamos em outro momento. Boa leitura!

Leonardo Foletto,
Editor do BaixaCultura
Inverno de 2018
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