Encorajados pelas predições de McLuhan, os radicais da costa oeste se envolveram no desenvolvimento de novas tecnologias da informação para a imprensa alternativa, rádios comunitárias, clubes de computadores caseiros e colecionadores de vídeo. Estes ativistas da mídia comunitária acreditavam estar na linha de frente da luta pela construção de uma nova América. A criação da ágora eletrônica era o primeiro passo no sentido de implementar a democracia direta em todas as instituições sociais[1]. A batalha podia ser dura, mas a “ecotopia” estava quase palpável.

O Surgimento da “Classe Virtual”

Quem poderia prever que, menos de 30 anos depois da batalha de People's Park, caretas e hippies criariam juntos a Ideologia Californiana? Quem pensaria que uma mistura tão contraditória de determinismo tecnológico e individualismo libertário se tornaria a ortodoxia híbrida da era da informação? E quem suspeitaria que enquanto a tecnologia e a liberdade eram adoradas mais e mais, ficaria menos e menos possível dizer qualquer coisa sensata a respeito da sociedade em que eram aplicadas?

A Ideologia Californiana retira sua popularidade da própria ambiguidade de seus preceitos. Nas últimas décadas, o trabalho desbravador dos ativistas da mídia comunitária foi grandemente recuperado pelas indústrias de alta tecnologia e mídia. Apesar de as companhias deste setor poderem mecanizar e subcontratar muito de suas necessidades de mão de obra, elas continuam dependentes de pessoas chave que possam pesquisar e criar produtos originais, de softwares e chips de computador a livros e programas de televisão. Junto com alguns empreendedores de alta tecnologia, estes trabalhadores especializados formam a assim chamada “classe virtual”: “... a tecno-intelligentsia dos cientistas da cognição, engenheiros,

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  1. DOWNING, John. Radical Media. Boston: South End Press, 1984.