cientistas da computação, criadores de jogos eletrônicos e todos os outros especialistas em comunicação....”[1]. Incapazes de submetê-los à disciplina da linha de produção, ou substituí-los por máquinas, os gerentes organizaram estes trabalhadores intelectuais através de contratos temporários. Como a “aristocracia trabalhista” do último século, o pessoal de alto escalão na mídia, computação e indústrias de telecomunicações experimenta as recompensas e inseguranças do mercado. Por um lado, estes artesãos hi-tech não apenas tendem a ser bem pagos, mas também possuem considerável autonomia sobre seu ritmo de trabalho e local de emprego. Como resultado, a fronteira cultural entre o hippie e o “homem organização” tornou-se bastante vaga. Porém, por outro lado, estes trabalhadores estão presos pelos termos de seus contratos e não têm garantia de emprego continuado. Sem o tempo livre dos hippies, o trabalho em si tornou-se o principal caminho de autossatisfação para boa parte da “classe virtual”[2].

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  1. KROKER, Arthur, WEINSTEIN, Michael A. Data Trash: the theory of the virtual class. Montreal: New World Perspectives, p. 15, 1994. Esta análise segue aquela dos futurologistas que pensaram que os "trabalhadores do conhecimento" eram embriões de uma nova classe dominante: BELL, Daniel. The Coming of the Post-Industrial Society. New York: Basic Books, 1973. E economistas acreditam que “analistas simbólicos" se tornarão a parte dominante da força de trabalho sob um capitalismo globalizado: REICH, Robert. The Work of Nations: a blueprint for the future. London: Simon & Schuster, 1991. Em contraste, nos anos 60, alguns teóricos da Nova Esquerda acreditavam que estes trabalhadores técnico-científicos estavam liderando a luta pela libertação social, através de ocupações de fábricas e demandas por autogestão: MALLET, Serge. The New Working Class. Nottingham: Spokesman Books, 1975.
  2. Para uma descrição do contrato de trabalho no Vale do Silício, ver HAYES, Dennis. Behind the Silicon Curtain. London: Free Association Books, 1989. Para um tratamento ficcional do mesmo assunto, ver COUPLAND, Douglas. Microserfs. London: Flamingo, 1995. Para mais exames teóricos da organização do trabalho pós-fordista, ver LIPIETZ, Alain L'Audace ou L'Enlisement Paris: Éditions La Découverte, 1984; LIPIETZ, Alain Mirages and Miracles. London: Verso, 1987; CORIAT, Benjamin. L'Atelier et le Robot Paris: Christian Bourgois Éditeur 1990; e NEGRL, Toni. Revolution Retrieved: selected writings on Marx, Keynes, capitalist crisis & new social subjects 1967-83. London: Red Notes, 1988.