em que sonegar qualquer informação a outros pode ser encarado como “roubar o meu semelhante”, em que a vida privada é um roubo, é um mundo onde sistemas informáticos estão a organizar e governar a sociedade a partir de critérios supostamente objetivos. Um mundo onde a ideologia californiana é a dominante, especialmente nas decisões relacionadas às tecnologias digitais.

O ensaio foi apontado à época por pessoas ligadas ao Vale do Silício como um trabalho de esquerdistas, o que realmente é: Barbrook, em especial, é leitor de Marx, Hegel e escreveu um livro chamado “Cybercomunism: How the americans are supersending capitalism in cyberspace”. Lovink, na apresentação de “The Internet Revolution: From Dot-com Capitalism to Cybernetica Communism”, diz que a Ideologia Californiana é um dos primeiros textos de uma corrente de pensamento chamada de net-criticism, que pode ser posicionada na encruzilhada entre as artes visuais, movimentos sociais, cultura pop, e pesquisa acadêmica, com intenção interdisciplinar de tanto interferir quanto contribuir para o desenvolvimento das novas mídias, como Lovink explica na sua obra “Dynamics of Critical Internet Culture 1994-2001”.

É uma corrente de pensamento que se situa como uma terceira via, entre, de um lado, uma posição ligada a uma certa esquerda que critica a internet por ela ter seu desenvolvimento baseado numa expansão do domínio dos EUA em relação ao seu poder cultural e econômico. E, de outro lado, justamente o da ideologia californiana, que tem a internet como viabilização de um novo modelo de negócios e como realização de uma profecia indicativa da aldeia global congregada, como defende, entre outros, John Perry Barlow na conhecida “Declaração de Independência do Ciberespaço”, escrita um ano depois, em 1996.

9