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poucos trastes, que tinha, aberto sobre uma mesa, e cotado em varias partes, o Alcorão de Mafoma[1].

Estas mulheres, foram castigadas particularmente, e duas mulatas mais que vieram d'Odivellas, uma das quaes está servindo hoje a quem devia ter d'ella todo o aborrecimento.

Tudo isto me contou na hospedaria d'este convento o mesmo ministro Jeronimo de Cetein, que merecendo por este serviço singular um adiantamento de summa distincção, lhe pagaram só com a correição de Vianna, e hoje se acha sem servir. Em 30 de julho de 1736.

É esta noticia dada e escripta pelo vigario da Cartucha D. Bernardo de Santa Maria.

Todos estes papeis foram copiados d'um livro antigo escripto n'aquelle tempo, por isso leva algumas lettras dobradas, quando são longas, e os acabei de copiar hoje 21 de setembro de 1797.—Fr. Vicente Salgado, ex-geral e chronista da congregação da Terceira Ordem n'este convento de Nossa Senhora de Jesus de Lisboa.—Fr. Vicente Salgado.




Entre uma collecção de noticias manuscriptas para a historia d'este reino, colligidas pelo doutor José Caetano d'Almeida, beneficiado da santa igreja patriarchal, e bibliothecario da livraria d'el-rei D. José, se encontra a seguinte, escripta do proprio punho do referido padre ; a saber :

«Copia» Em 26 de setembro de 1724 fugiu de Lisboa o voador Bartholomeu Lourenço de Gusmão, que tomando a estrada de Loures por passos e caminhos montuosos e desconhecidos, foi a Vallada, e passando á vista de Muge, seguiu o caminho de Montargil e Aviz,

  1. Este padre é o chamado Voador, irmão de Alexandre de Gusmão, inventor da machina aerostatica, por outro modo do que se pratica ao presente, cuja machina se achará entre os meus papeis curiosos impressos anno 1797.