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E de passaro lhe deram
O alvará com sello posto.

É passaro tão solemne,
Que havendo outros por mil modos,
Com tanta solemnidade
O não foi nenhum dos outros.

Pelo ar metter promette
Em qualquer praça soccorro,
E pelo ar soccorrida
Não ser vencida é notorio.

Levar drogas ás conquistas,
Trazer d'ellas o retorno
Sem perigos de corsarios
Sem riscos de mar e fogo.

Pode haver fortuna tal
Como a d'este grande logro ?
Eguala-se ao nosso reino
Outro algum no venturoso ?

Ha coisa como ir voando
Eu, pezado humano corpo
De um clima para outro clima
De um polo para outro polo ?

No mundo póde haver dita
Nem felicidade, como
Voar de um outeiro a um valle,
De uma planicie a um combro ?

De um zambujeiro a um cypreste,
De um alemo para um choupo,
Brincando de ramo em ramo,
Saltando de tronco em tronco ?