Página:Invenção dos aeróstatos reivindicada.pdf/48

—42—

Que onde quer que a boda seja,
De toda a distancia volto.

Que, supposto paos não leve,
Tudo venço e tudo posso,
Que em soltando as minhas azas
Tenho atados os meus molhos.

Se em Lisboa mal me sinto,
Em um pincho estou no Porto,
E quando arde a Guadiana
Passo in continenti ao Douro.

Tudo quanto quero alcanço,
Tudo quanto vejo logro,
Hoje estou nos Pyreneus,
Amanhan nos hyperboreos.

Quanto intento me levanto,
Quanto quero me remonto,
Com as aguias fito a fito,
Com as garças rosto a rosto.

Não ha terra por sublime,
Nem por alto capitolio,
A que toda a vez que quero
Não ponha o pé no pescoço.

Andam loucos se comígo
Se querem pôr hombro a hombro
Essa hyperbole de Faro,
Esse de Rhodes colosso.

Que para ficar mais alto,
Dando ás azas mais um pouco,
Os farei para me verem
Dobrar para traz o collo.