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E da officina de barro
Deu vôo ao regio solo.

O arado Vamba regia,
Da terra instrumento bronco,
Quando acclamado se viu
Rei soberano dos godos.

Tarquinio o covado dando
Pelo sceptro, egregio troco !
De mercador se viu rei
Em Roma do mundo emporio.

Voaram a altos cothurnos
Desde os mais humildes sócos
Outros não só dos antigos
Dos modernos e dos nossos

Bem pouco ha se abrigavam
Em aposentos bem toscos
Muitos que vemos subidos
Em paços bem sumptuosos :

Fazendo primeiros papeis,
Não sendo nem para bobos,
Vemos alguns no theatro
Do mundo com bravo estrondo.

Outros, cujo solar sendo
De navalhas um estojo,
A tal altura chegaram
Que estão da lua nos cornos,

Governando tribunaes
Com o foro ou desaforo,
Já não cabendo em si mesmos
Desvanecidos e fofos.