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finalmente não seria mais que um para-quedas, destinada a diminuir a violencia da descida em caso de desastre.

Com o respeito devido á memoria do visconde de Villarinho de S. Romão, cuja auctoridade e competencia em assumptos de mechanica applicada são de todos bem sabidas, discordamos das idéas que aventou para interpretar o desenho, por nos parecerem de todo o ponto inadmissiveis. Segundo as leis da hydrostatica, para que na atmosphera se conserve em equilibrio estavel qualquer corpo, importa que o seu centro de gravidade fique abaixo do centro de gravidade do volume d'ar que desloca. Ora, se, como imaginou o auctor da carta a que alludimos, houvesse no convez da barca um balão de hydrogeneo, e os corpos mais pezados, os viajantes, as espheras metallicas, os reagentes para a producção do bydrogeneo, a rede de arame e a propria vela ficassem acima do reservatorio do gaz, o centro de gravidade do apparelho ficaria muito alto e necessariamente superior ao centro de gravidade do volume do ar deslocado. Em taes condições, a machina propenderia sempre a voltar-se, e seria tão difficil conserval-a na devida posição na atmosphera, como no meio da agua a um areometro a que se houvesse tirado o chumbo ou o mercurio que lhe serve de lastro.

A' idea, que teve o visconde de Villarinho de S. Romão de reputar fiel e exacta a estampa e falsas as explicações, parece ter servido de fundamento a nota que a estes documentos ajuntou quem os trouxe à luz da publicidade. Todavia se a nota citada invalida as explicações porque n'ella se declara que a machina se deveria elevar pela força do gaz, do mesmo modo fará rejeitar a estampa que representa um artificio, que, como provámos, seria incapaz de, por aquelle meio, se conservar equilibrado na atmosphera. Demais, o que se lê em a nota perdeu, a este e outros respeitos, toda a importancia, depois que o sr. Innocencio da Silva demonstrou haver erro na data da impressão, infallivel-