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dictos corpos, de sorte que sejam visivelmente attrahidas, e prendel-as para que não vôem, com tal arte que vençam não só o pêso da dicta machina, mas outro qualquer, que lhe estiver unido. Com este principio se faz o instrumento que descrevêmos, que de sua natureza busque o ar e possa subir até meio d'elle, aonde fôr egual a quantidade d'ar que o attrahe para cima, e a do que fica em baixo e lhe resiste, ainda que em rasão do seu pêso natural nunca chegará tão alto; assim mesmo conforme o maior ou menor pêso que levar, descerá mais ou menos até se pôr em equilibrio com o ar, que fica mais visinho á terra e descansar n'elle.

A figura d'esta machina volante é uma pyramide triangular composta de materia solida como laminas de ferro ou cobre, tão bem unidas que prohibam evaporarem-se os espiritos magneticos que n'ella estiverem guardados. Esta pyramide irá prêsa com fortes cordas a um pavimento de madeira, em que irão as pessoas, e coisas que se quizerem levar; terão os lados da base da pyramide seis pés rintlandicos, e os que vão terminar á ponta quinze; estas são as medidas necessarias para o pêso de um homem.

Governa-se esta machina com uma aza na ultima parte do pavimento, a qual, movendo-a quem fôr dentro, serve para caminhar, para subir e descer, para virar a qualquer parte, e parar, quando for necessario, e ajudará muito o sitio da pyramide, ficando com a parte angular para cima para facilitar a subida, com a plana para baixo para facilitar a descida e com a ponta da pyramide para onde fôr a jornada para resistir ao vento contrario, e com a base para a parte d'onde sahir para se ajudar do favoravel, fazendo o officio de vela.

As utilidades d'esta machina são maiores que as de nenhum invento até aqui descuberto, porque além da sua materia, que até agora se não viu practicada, abre caminho para se soltarem os dois problemas mais difficultosos, e na opinião de muitos impossiveis, e são a longitude e o motu perpétuo, porque, como a sua velo-