de outras terras por sobre um mar que os meus nunca sulcaram... Vim, e Anhangá-pitã transformou-me em teiniaguá de cabeça luminosa, que outros chamam o — carbúnculo — e temem e desejam, porque eu sou a rosa dos tesouros escondidos dentro da casca do mundo...
Muitos tem me procurado com o peito somente cheio de torpeza, e eu lhes hei escapado das mãos ambicioneiras e dos olhos cobiçosos, relampejando desdenhosa o lume vermelho da minha cabeça transparente...
Tu, não; tu não me procuraste ganoso... e eu subi ao teu encontro; e me bem trataste pondo água na guampa e trazendo mel fino para o meu sustento.
Si quiseres, tu, todas as riquezas que eu sei, entrarei de novo na guampa e irás andando e me levarás onde eu te encaminhar, e serás senhor do muito, do mais, do tudo!...
A teiniaguá que sabe dos tesouros, sou eu, mas sou também a princesa moura...
Sou jovem... sou formosa..., o meu corpo é rijo e não tocado!...
E estava escrito que tu serias o meu par.
Serás o meu par... se a cruz do teu rosário me não esconjurar... se não, serás ligado ao meu flanco, para, quando quebrado o encantamento, do sangue de nós ambos nascer uma nova gente, guapa e sábia, que nunca mais será vencida, porque terá todas as riquezas que eu sei e as que tu lhe carrearás por via dessas!...
Si a cruz do teu rosário não me esconjurar...
Sobre a cabeça da moura amarelejava nesse instante o crescente dos infiéis...
E foi se adelgaçando
no silêncio a cadencia em balante da fala induzidora.
A cruz do meu rosário...
Fui passando as contas, apressado e atrevido,