E assim o Negrinho achou o pastoreio. E se riu...

Gemendo, gemendo, o Negrinho deitou-se encostado ao cupim e no mesmo instante apagaram-se as luzes todas; e sonhando com a Virjem, sua madrinha, o Negrinho dormiu. E não apareceram nem as corujas agoureiras nem os guarachains ladrões; porem peior do que os bichos máus, ao clarear o dia veiu o menino, filho do estancieiro e enxotou os cavalos, que se dispersaram, disparando campo fóra, retouçando e desguaritando-se nas canhadas.

O tropel acordou o Negrinho e o menino maléva foi dizer ao seu pai que os cavalos não estavam lá..

E assim o Negrinho perdeu o pastoreio. E chorou...

 
 

O estancieiro mandou outra vez amarrar o Negrinho pelos pulsos, a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho... dar-lhe até elle não mais chorar nem bulir, com as carnes recortadas, o sangue vivo escorrendo do corpo... O Negrinho chamou pela Virjem sua madrinha e Senhora Nossa, deu um suspiro trise, que chorou no ar como uma muzica, e pareceu que morreu... E como já era de noite e para não gastar a enxada em fazer uma cova, o estancieiro mandou atirar o corpo do Negrinho na panela de um formigueiro, que era para as formigas devorarem-lhe a carne e o sangue e os ossos... E assanhou bem as formigas; e quando ellas, raivozas, cobriram todo o corpo do Negrinho e começaram a trincal-o, é que então elle se foi embora, sem olhar para traz.

Nessa noite o estancieiro sonhou que elle era elle mesmo, mil vezes e que tinha mil filhos e mil negrinhos, mil cavalos baios e mil vezes