documentos medievais afirmaram os doutos que na certa existira e fora corrente no sermo vulgaris.

Nesse momento um mulato da maior mulataria trepou numa estátua e principiou um discurso entusiasmado explicando pra Macunaima o que era o dia do Cruzeiro. No céu escampado da noite não tinha uma nuvem nem Capei. A gente enxergava os conhecidos, os pais-das-árvores os paisdas-aves os pais-das-caças e os parentes manos pais mãis tias cunhadas cunhãs cunhatās, todas essas estrelas piscapiscando bem felizes nesse pais onde se ignora os males, adonde havia muita saúde e pouca saúva, o firmamento lá. Macunaíma escutava muito agradecido, concordando com a fala comprida que o discursador fazia pra ele. Só depois do homem apontar muito e descrever muito é que Macunaíma pôs reparo que o tal da Cruzeiro era mas eram aquelas quatro estrelas que êle sabia muito bem serem o Pai do Mutum morando no campo do céu. Teve raiva da mentira do mulato e berrou:

— Não é não!

— ... Meus senhores, que o outro discursava, aquelas quatro estrelas rutilantes como lágrimas ardentes, no dizer do sublime poeta, são o sacrossanto e tradicional Cruzeiro que...

— Não é não!

— Psiu!

— ... o simbolo mais...

— Não é não!